MSTTR cobra do  governo ações  enérgicas para conter ações de violência contra  trabalhadores (as)  rurais, foram 4 assassinatos nos últimos 15 dias  
Em audiência na sexta-feira (03), com o ministro chefe da   Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, o MSTTR   cobrou medidas efetivas para a questão dos conflitos agrários que   acontecem em todo Brasil. A Contag reconhece que o governo não ficou   parado diante dos últimos acontecimentos, mas cobra ações mais enérgicas   e amplas para conter a onda de violência contra trabalhadores rurais.
  
O presidente da Contag, Alberto Broch disse ao Ministro que os últimos   assassinatos são retrato do que acontece diariamente no País, e que   agora repercutiram nacionalmente. “Estamos angustiados e ao mesmo tempo   já estamos mobilizados para enfrentar mais essa batalha, e portanto   precisamos que governo tome providências rápidas e repense a necessidade   da Reforma Agrária”, cobrou Broch.
  
A comitiva da Contag, também foi composta por entidades parceiras como a   Comissão da Pastoral da Terra (CPT), Central Única dos Trabalhadores   (CUT), e Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). A coordenadora   nacional da CPT, Isolete Wichinieski, disse que embora o governo tenha   disponibilizado maior aparato policial nos últimos dias os casos não   pararam de acontecer.
  
Impunidade - Para a coordenadora da CPT a polícia não intimida os   criminosos porque a impunidade permanece. “O governo está em descrédito   diante dessas ações”, considera Isolete, que relatou o nome de mais   algumas pessoas que merecem proteção policial no norte do País.
  
A coordenadora da Fetagri-PA, Maria Joel Dias da Costa, que teve o   marido assassinado em 2000, sente na pele essa impunidade. Ela já perdeu   as contas de quantas ameaças recebeu e hoje para sobreviver depende da   escolta policial.
  
Presidente da Fetagri-PA, Carlos Augusto Silva, o ‘Guto', disse ao   ministro Gilberto Carvalho que a situação de violência que o Brasil   enfrenta hoje é fruto do modelo de desenvolvimento baseado na   concentração de terras adotado ao longo da história. “É fruto   concentração, da grilagem, do trabalho escravo, e de uma concepção de   desenvolvimento que não condiz com o desenvolvimento da agricultura   familiar”, denuncia o dirigente, que entregou ao ministro um mapa da   grilagem do estado do Pará com dados oficiais de cartórios e cobrou   providências.
  
E os casos de impunidade não param por aí, no Tocantins há novos   desaparecidos do embate político. O diretor de Política Agrária da   Fetaet, Manoel Barbosa, relatou dois casos de violência em que nem os   corpos das vítimas foram encontrados, relatou também casos de tiroteio   em acampamentos, que segundo o dirigente tem acontecido com freqüência.
  
Para o diretor nacional do MST, Claudinei dos Santos, as ações policiais   de prisão dos executores e principalmente dos mandantes dos casos de   assassinatos são muito importantes, mas a situação não vai se resolver   apenas com isto. “A chave para isso tudo está na reforma agrária, mas o   governo ainda não se deu conta disso”, lamenta.
  
Depois de ouvir todos os relatos da real situação de violência em que se   encontram os trabalhadores de todo Brasil, o ministro Gilberto  Carvalho  disse que esse problema se arrasta de outros governos.  Carvalho afirma  ter consciência da ausência do Estado e da entrega da  terra às elites,  mas que o governo está se mexendo.
  
O ministro enumerou algumas medidas que já foram tomadas, além da   liberação de recursos para aumentar o efetivo policial, o Ministério do   Desenvolvimento Agrário foi chamado para rediscutir o Programa Terra   Legal. Gilberto Carvalho também sinalizou o entendimento de que o Incra   precisa ser dotado de recursos para trabalhar mais ainda os   assentamentos de famílias.
  
O ministro citou ainda o lançamento do Bolsa Verde, anunciado no   Programa Brasil sem Miséria – que vai dar assistência aos assentamentos   que preservarem o Meio Ambiente. Também afirmou que o programa de   proteção as testemunhas não pára, e que os convênios com os estados que   ainda não mantinham já foram retomados. “O desafio está colocado, vamos   trabalhar forte com o Judiciário, pois o Governo também está   envergonhado com essa situação”, disse.
  
Por fim o presidente da Contag mais uma vez cobrou a atualização dos   índices de produtividade. “Não podemos continuar convivendo com essa   situação, é preciso enfrentar o problema de frente, pois isso não será   resolvido com paliativos e sim com ações que ataquem a sua causa”,   denuncia. 
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